de Mário Quintana
Eu escrevi um poema horrível! É claro que ele queria dizer alguma coisa… Mas o quê? Estaria engasgado? Nas suas meias-palavras havia no entanto uma ternura mansa como a que se vê nos olhos de uma criança doente, uma precoce, incompreensível gravidade de quem, sem ler os jornais, soubesse dos sequestros dos que morrem sem culpa dos que se desviam porque todos os caminhos estão tomados… Poema, menininho condenado,
bem se via que ele não era deste mundo nem para este mundo… Tomado, então, de um ódio insensato, esse ódio que enlouquece os homens ante a insuportável verdade, dilacerei-o em mil pedaços.
E respirei… Também! quem mandou ter ele nascido no mundo errado?
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