A gente precisa de saída para qualquer arte.
Se você habita este planeta há mais de um ano, está sabendo das consequências da pandemia ao redor do mundo. Se você habita este mundo e reflete sobre ele, deve ter visto o quanto este vírus expôs as mazelas de uma sociedade que se mostrou mimada e egoísta, afinal de contas o mundo está na fase delirante do “farinha pouca, meu pirão primeiro.”. E assim passamos doze meses com notícias de festas clandestinas, de pessoas teimando em sair de casa, com governantes ao redor do mundo ignorando a ciência, sobre a necessidade do uso de máscaras e do distanciamento social, passando à exaustão nos telejornais e nas nossas timelines. E, verdade seja dita, haja paciência e estômago para aguentar. Porém, a maioria encontrou dentro de casa, e delas mesmas, a solução para esses tempos nebulosos. Gastronomia, novos empreendimentos, e, principalmente, a arte. Pintura, desenho, música, literatura, fotografia, dança. Tudo ao mesmo tempo agora.
É essa insatisfação com as coisas do mundo, é essa paixão que nos move mesmo sabendo que os moinhos são de vento e Dulcinéia del Toboso, amor intenso, é imaginária.
Sonhos, projetos, desejos foram tirados de dentro daquela gaveta empoeirada, fechada há anos. Muitos respiraram fundo, tomaram uma boa dose de coragem e botaram seus blocos na rua. E a arte é isso. É essa necessidade intrínseca dos seres humanos em se expressar, em ter voz, em se fazer ouvir.
É essa insatisfação com as coisas do mundo, é essa paixão que nos move, mesmo sabendo que os moinhos são de vento e a doce Dulcinéia del Toboso, amor intenso, é imaginária. A arte está aqui. No nosso corpo, na nossa mente, na nossa vida. E a Revista Cultural Traços surgiu de uma oficina literária, com o mesmo nome, para alunos de escolas públicas, e a oficina nasceu de um daqueles momentos “pare de só reclamar e faça algo”. A oficina passou e deu frutos. O tempo passou e a inquietação ainda pesa na árvore da vida. Por isso uma revista cultural livre e sem fronteiras, por isso a tentativa quixotesca de fazer algo para um mundo que sempre vai precisar de arte.
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