de Cristiane Kovacs Cardoso
Queria traçar um poema livre
Sem métrica peso ou lógica
De traço liberto natural
Que por uma louca mágica
Num abraço forte, abismal
Me levasse além de mim
Para algum lugar sem fim
Onírico, transcendental
Queria traçar um poema livre
Que tivesse soltos versos
De mil penas indestrutíveis
Bem mais fortes que as de Ícaro
Cada qual com mais de cem
Um poema passarinhado
Sem freio, astronauta alado
Penas douradas, brilhantes..
Ou que fosse um poema fênix
Em que a cada combustão
Das cinzas sempre renascesse
Que suas lágrimas curassem e
Muitos fardos carregasse
Que pegasse meu caroço
Quando chegasse enfim o fim
E o levasse para longe
Desta carcaça pele e osso e
Assim num voo me ressuscitasse
Me levasse então para onde?
Lá, depois do horizonte
Ao lado donde o verso soa
P’ra lá donde o vento voa
Tão longe quanto o eco ecoa
Perto do calor do Sol
Ou do aconchego da Lua
Inda mais além...
Que voasse alto e
De orbe em orbe pulasse
Me alegrasse a cada salto
Queria traçar um poema livre
Tão livre que me libertasse
Queria traçar, um poema livre.
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